amores expresos

sábado, 6 de outubro de 2007

Despedida


Amigos,
Eu gosto de viver em São Paulo, mas não no seu ritmo. Conquistei o que hoje muitos conquistam que é poder trabalhar em casa. Eu não agüento o trânsito daqui, eu nunca ando a passos ágeis e rápidos, saio pouco e só quando quero ou realmente preciso. Mal faço uso dessa tal internet. Sou quase alérgico a ela.
Foi muito boa a experiência de dividir meus dias nesse blog.
Foi muito gratificante ler vossos comentários, mas aqui eu vivo outro ritmo.
Aqui eu amo a minha solidão e o silêncio é muitas vezes o meu idioma. Onde fermento palavras. Aqui eu posso calar em português, minha língua.
Aqui, internet para mim é uma coisa chata. É como pegar trânsito ou ter que andar rápido. Moro em São Paulo, mas vivo em minha casa. Faço de tudo para evitar o estresse, a mania da pressa, quem me conhece sabe que chego sempre uma hora antes da hora marcada. Não toco, espero. Há quase sempre um café, sempre um livro nas mãos ou em processo na minha cabeça. Eu espero com calma. Não faço parte de nenhum grupo. Não leio jornal, quase não assisto TV. Não torço pra nada.
A Lu, minha namorada-esposa é quem responde meus emails e recorta pequenas notas ou matérias que ela sabe que pode me interessar. Nunca ouço rádio porque amo a musica e por isso sempre sei o que quero ouvir. Tenho um amigo-importador que consegue tudo o que é mais improvável em CD e eu os escuto como quem ora.
Tudo isso para dizer que aqui, infelizmente, o blog para mim não funciona.
Aqui há minha escrivaninha que é o meu laboratório, os livros que estudo, todas as musicas que quiser ouvir e café sempre fresco que eu mesmo faço.
É cruel, mas sincero o que digo.
Sei que pode parecer ingrato, e já falamos sobre gratidão. É quase tão cruel como dizer: aqui eu não preciso de vocês. Mas a verdade é que aqui NÃO POSSO precisar de vocês. Porque assim é São Paulo.
E aqui nasci e fui mal-criado.
E de qualquer forma eu os tenho comigo e vocês me guardam.
O respeito e o carinho que vocês tem por mim, é recíproco.
Honestamente adoraria tomar um café com cada um de vocês e provavelmente isso aconteça. Somos um grupo pequeno. Se me virem em uma palestra ou evento, não tenham vergonha, digam que foram dessa nossa irmandade. Dessa nossa pequena sociedade semi-secreta chamada Blog.
Minha profunda gratidão e até um próximo café.
Lourenço
São Paulo 6 de outubro de 2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Uma Pequena Nota


No fim deu tudo certo. O dia não passava, e se o Iliya não viesse, e se bagagem excedesse , e se o táxi furasse, e se o bilhete não valesse, e se... Ontem foi um longo dia. Aeroporto é um inferno. Não, é pior do que isso, porque pelo menos no inferno se pode fumar. Já estava sentindo fobia daquela cidade, enfim embarquei. O vôo foi tranqüilo, estava vazio pude ocupar dois acentos. Consegui dormir um pouco. Quando cheguei no aeroporto a primeira pessoa que vi foi o Francisco, meu filho, depois minha namorada-esposa e até mi madre. Pegamos a marginal lotada, mas cheguei em casa. A Lu fez um delicioso almoço. O Francisco foi para a escola, eu e a Lu matamos, não matamos, mas anestesiamos a saudade. Depois capotei. Dormi até o Francisco chegar da escola com sua pré-adolescência latente. Preciso estar mais próximo dele. Nós sempre passamos muito tempo juntos e um mês é muito mais do que 30 dias. Ele mesmo instalou seu videogame. Estou ainda um pouco passado. Tenho um compromisso importante amanhã cedo, a noite janto com amigos. Queria ter postado mais cedo, mas eu tinha tanta coisa para falar com a Lu que ficou um pouco tarde. Prometo postar algo com mais calma amanhã.
Gratidão
Beijos
Lourenço.
PS: Eu sempre disse que a frase que quero em meu tumulo é : “Eu vou, mas eu volto”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Quase Uma Errata

03 de outubro de 2007, Nova Iorque- ainda.
Estou tão ansioso em deixar a América (do Norte) que acabei dando a entender que partiria ontem, mas é hoje. Tenho que esperar o Iliya para entregar as chaves e pegar um depósito em dinheiro que foi feito pela produção. Depois quatro horas chega o táxi, meu vôo é as nove só que depois das quatro o trânsito começa a complicar muito e estando no aeroporto eu me sinto menos ansioso. Lá, embora não se possa fumar, sempre tem expresso e eu sempre carrego um livro e um caderno. Fora que é muito divertido ficar observando as pessoas. As nove se não houver atraso embarco e chego aí pela manhã de amanhã. Amanhã de manhã, diria Roberto Carlos e seguindo a canção vou pedir um café para nosotros. Tive que abrir a mala para procurar o adaptador de tomada para carregar a bateria do celular. E o pior, depois tive que fechar de novo. Por sorte, abri a mala certa. Não vejo a hora de postar algo do Brasil, da minha escrivaninha, do meu canto ao lado dos meus.
Até já amigos.
Beijos
Lourenço.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

MEU TELHADO E EU



Bem, meus amigos, hoje foi o meu último dia na terra de Sam. U.S. “Uncle Sam.
Dei uma volta em Manhattam pois precisava resolver pequenos detalhes por lá e passei o resto da tarde na parte nobre do Brooklyn tomando expressos, não se esqueçam que é só lá que tem. Consegui fechar as malas com grande esforço. Viajar é sempre muito cansativo. É ótimo, mas sempre volto mais cansado do que quando parti. Claro que essa é uma viagem que vim a trabalho, embora tenha omitido isso do fiscal da imigração, mesmo assim não consigo descansar em uma viagem. A cabeça fica sempre trabalhando dobrado, procurando absorver o máximo. As pernas não param de andar, parece a Pomba-Gira. As mãos na carteira, é cartão de crédito pra lá e money pra cá. Essas coisas. Conversão.
Gostaria de agradecer imensamente aos organizadores desse notável projeto, sinto-me muito honrado por ter sido um dos eleitos. Foi uma grande experiência. E vai ser ainda melhor quando eu chegar em casa e começar a refletir sobre isso. Quando começar a traduzir de maneira ridícula, no meu inglês ridículo todo o material que enviei para o Brasil. Acho que terei mesmo um evento em Curitiba nos próximos meses, preciso confirmar a data e vou aceitar todos os cafés que me foram prometidos. Quanto a Manaus, eu estive em Manaus em 2000 e, essa sim foi uma viagem de muito impacto para mim, profundamente marcante. Fiz Alguns grandes amigos com quem mantenho esporádico contato por telefone. Como disse em outro post, ou penso ter dito, sempre faço amigos por onde passo. Aqui isso não funciona. Aqui é cada um por si.
Cada vez mais as ruas parecem fazer parte da lembrança de alguém. Todos os dias vi sósias de pessoas que não sei exatamente com quem se parecem.
Quero novamente agradecer a vocês porque foi muito reconfortante ter vocês aí, do outro lado. Do meu lado. A meu lado. Vou chegar e talvez nem tenha muito tempo para descansar. Chego na quinta cedo e na sexta já tenho uma importante reunião agendada. Isso é bom. Esses dois últimos anos, quase três, a vida foi muito generosa comigo. Sempre trabalhei duro, mas nunca esperei ou acreditei que meu trabalho seria aceito um dia. As portas sempre se fechavam para mim. Se não fosse a minha Lu, minha namorada-esposa, segurando as pontas e me incentivando, provavelmente eu já teria desistido. Agora tudo parece mais fácil, espero que continue dessa forma, embora no fundo, nós sabemos que nada é fácil.
Eu tinha um amigo que sempre dizia: “Já fui pobre e já fui rico, e pode acreditar, ser rico é bem melhor”. Apesar da frase que ilustrei, acho que vocês entendem que não estou falando de dinheiro.
De minha parte conheci Manhattam de tal forma, que não será. Era exatamente como eu imaginava.
O meu medo agora é com o excesso de bagagem, ou com a alfândega brasileira.
O que mais quero é voltar para a minha rotina.
Prometo fazer alguns post’s durante a semana. Devo estar lançando um novo livro ainda em outubro e, acreditem, gostaria de poder tomar um café com cada um de vocês. Muitos que comentaram são meus amigos e tomaremos, mas de alguma forma todos vocês foram grandes amigos. As vezes é por isso que eu não respondo emails e coisas do tipo. Eu me apego as pessoas. No fim acho que não me portei de acordo com o que deveria ser o Blog. Acho que falei muito pouco sobre a cidade. Ironizei tudo. Esse sou eu. Sempre sincero, ao menos, quando escrevo.
Gratidão
Lourenço
2 de outubro de 2007 New York

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Pequeno Post


Pequena Postagem
1 de outubro
Ontem fiquei pelo Brooklyn. Havia uma grande festa que ocupava toda a Atlantic Av. Minha única preocupação agora é com o excesso de bagagem. Parte de mim já está aí no Brasil. Tinha um quarteto de Jazz tocando maravilhosamente bem ontem. E eu nem sou um grande conhecedor de Jazz. Não tenho educação para o Jazz. Mas fiquei curtindo muito. Depois subiram duas donas no pequeno palco e cantaram um boa musica. Claro que estava melhor quando era apenas um quarteto. Resolvi comprar um CD deles, eles vendiam ali numa das barraquinhas da feira. E com $20 você levava o CD e uma camiseta da banda: “DFJB- Dysfunctional Family Jazz Band”. Comprei e já está no lixo. O CD não tinha nada a ver com o que eles tocavam. Era só as donas soltando a voz. O naipe do repertório, para vocês terem uma idéia, tinha pérolas como- .... Desculpe, fui olhar no lixo, mas esqueci que já tinha despachado o mesmo ontem a noite. Guardei a camiseta. Bem, nada de novo. A única novidade é que vocês me convenceram a postar mais alguns dias no blog. Prometo que vou postar a minha primeira semana de volta ao Brasil. Quanto aos livros que não contem gratidão não sei, as vezes realmente mudo com medo que percebam que a única coisa que muda nos meus autógrafos é a assinatura. Nunca consigo assinar igual. Ou, é cada vez um de nós quem assina. Vou andar. O joelho está um pouco melhor e eu preciso de um expresso. Como esse foi muito curto prometo tentar postar mais um hoje a noite.
Depois de amanhã embarco. Estou ansioso. É curioso que mesmo no bairro onde vivo Em São Paulo, eu desenvolvi uma rotina de uma volta diária. Passo numa livraria, tomo sempre um expresso vou na Kalunga... coisa de velho aposentado, ou de quem trabalha em casa. Beijo. Obrigado pelo post Joca e Paulinho.