amores expresos

segunda-feira, 10 de setembro de 2007



10 p/11 de setem
OS AMERICANOS DO FUTURO TERÃO AS MÃOS LIMPAS E O MENINO QUE SORRIA DEBAIXO DE UMA FOLHA DE PAPEL.
Dois pequenos incidentes que presenciei em um mesmo dia.
Estava no jardim que falei, acho que falei, aquele na Henry St com a Pacific St. Meu atual escritório na parte nobre do Brooklyn. Onde faço meus apontamentos. Então entrou um garotinho que tinha entre 3 e 36 anos, sou péssimo para dizer a idade de uma pessoa. Vamos ficar com 4, isso 4 anos de idade. Ele entrou no jardim, só havia eu e um outro vagabundo, e o menino começou a brincar com as coisas. De repente seu pai começou a gritar de uma forma um tanto exagerada e a dizer:
- “Não toque em nada! Tire suas mãos daí! Quantas vezes eu já falei para você não tocar nessas coisas da rua!?”
Ele era um sujeito bem apessoado, da parte clara do bairro, classe media, ou até rico. Foi estanha a cena. Parecia que ele estava sendo dublado por uma outra pessoa. Passou.
Na volta para casa, no trem, entrou uma família, ou parte dela. Duas jovens senhoras e um lindo garotinho negro. Ele tina entre 6 e 38 anos, Vamos fechar em 7. Ele carregava uma máscara nas mãos. Uma máscara muito simples que eu nunca tinha visto antes. Era uma folha de papel. Uma folha de caderno, papel pautado, com dois olhos recortados. Uma outra tira de papel fazia as vezes de um elástico. O garotinho vestiu a masca. E dava para ver o quanto ele sorria pelo brilho de seus olhos. A mãe dava bronca. A outra que devia ser a tia, olhava com repreensão. De repente a mãe vê uma sujeira na mão do menino e pergunta:
- “O quê é isso?! Que diabo de sujeira é essa na sua mão?!”
(livre tradução do autor)
Então a tia que carregava uma garrafinha de água, como 90% das pessoas devido ao intenso calor, despejou a água para limpá-lo. A mãe arrancou sua máscara e secou a mão do menino com ela. Destruindo assim o brinquedo e o sorriso.
Parece poético, ou até piegas, mas foi a cena que eu vi.
Hoje eu fui a Manhattam. Sem destino. Agora que aprendi a usar o metrô resolvi saltar na 50 St com a Sétima Avenida. Meu primeiro café foi onde almocei. Majestic Delicatessen Café. Comi um tal de Monte Cristo, não o conde, um sanduba tipo um beirute prensado. Presunto defumado, alface, tomate e queijo derretido. E tomei um expresso. O expresso de lá é uma porrada. Caiu uma chuva leve, mas não refrescou. Eu andei. Andei muito. Sem objetivo ou destino. Ah! Quando tomei o ônibus para ir até a estação Smith St encontrei aquela brasileira que mencionei outro dia, a que cuida de idosos. Dessa vez eu perguntei o seu nome, mas sou péssimo com nomes. Esqueci. Esqueci também o nome do alemão do telhado. A brasileira, sempre muito simpática também perguntou o meu nome, e eu falei. Então ela disse:
- “Lorez”! “Ai que chique”! “É francês”?
Eu disse, sim. É francês.
Hoje eu comprei um bonito chapéu para meu irmão. Não queria ser indelicado, mas um escritor sempre é. Estou muito feliz porque assim que cheguei em NY ele me telefonou. Ele está livre. Saiu da cadeia e isso me encheu de alegria. Ele é uma pessoa incrível, difícil, calado, mas uma pessoa impar. Não teve muita sorte na vida e quando teve não soube aproveitar. Ele é meu irmão caçula e já me ajudou muito quando precisei. Por isso, sem saber o que levar para ele, eu comprei um chapéu. Amanhã vou comprar um daqueles baralhos que postei no blog. Acho que ele vai gostar. Na cadeia não entra baralho. Os únicos jogos que são permitidos na cadeia são dominó e xadrez.
Boa noite a vocês e obrigado pelos comentários.
Lourenço.

6 Comentários:

Blogger ... disse...

e não é que nova iorque pode nos fazer rir? rir e lamentar, tudo ao mesmo tempo. eu, saudável que só, aprendi que é importante sujar as mãos de barro e rua de vez em quando... e te ler, lourenço!
érica

10 de setembro de 2007 às 18:38  
Blogger Laís disse...

Ai ai, Lourenço...
como anda o livro?
já teve mais alguma idéia pro blog???


ahhh... nós, leitores, também queremos um chapéu!

hahaha...


bjjjssss

11 de setembro de 2007 às 14:45  
Blogger Evelina disse...

Pois é! Eu que não sou de ficar "pindurada" em computador, estou viciada neste blog. Não consigo deixar de acompanhar...

Com trocentas provas pra corrigir... cá estou eu!

É muito bom! Parabéns Lourenço!

A esquila, quer dizer, a fã nº ?


Evelina

11 de setembro de 2007 às 18:30  
Blogger Socorro Acioli disse...

Seu blog é o sucesso do momento!
Eu adoro!

12 de setembro de 2007 às 04:26  
Blogger Unknown disse...

Oi Lourenço! Que ótimo estar em NY...melhor que cúritiba...
beijo e saudade maldita dos Mutarellis

12 de setembro de 2007 às 06:01  
Blogger Simone disse...

Quem quiser chapéu barato e bom, masculino e feminino: Chapelaria a Esmeralda - Av. Marechal Floriano 32 - Rio de Janeiro - Centro
Também tem uma, mais pra senhores do sexo masculino, na Rua Buenos Aires, perto da Estação Uruguaiana.

12 de setembro de 2007 às 16:31  

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